eu sinto falta de viver

o post de hoje escrevo do meu quarto em uma nova casa em que estou morando, só em 2024 já é a minha terceira casa. uma busca por ter mais produtividade, economizar tempo e dinheiro e ter mais tempo livre. em são paulo ter tudo isso me parece ser impossível, talvez até seja. escrevo esse post hoje na tentativa de acalmar meus pensamentos e retornar ao trabalho um pouco mais tranquila. já faz muito tempo que o que escrevo aqui não parecem ser coisas muito alegres ou sequer menos tristes. bom, esse é mais um desses posts, mas dessa vez não falando sobre mudança, mas sim sobre cansaço.


eu retornei a são paulo em novembro de 2023, com a certeza de que eu não voltaria para manaus por uns longos anos. retornei com o objetivo de conseguir experiência na minha carreira e na vida, achando que seria bem diferente do que foi na ultima mudança pra são paulo. de fato foi diferente, muita coisa para melhor e... muita coisa bem mais difícil do que achei que seria. a vida na grande metrópole não é nada fácil, ainda mais quando você tem amigos, família e namorado longe.

eu voltei para ter mais experiência na empresa que eu já trabalhava, em um cargo novo, com um salário novo, morando numa casa nova. eu achei que focar apenas no meu trabalho, na faculdade e na criação do meu studio de design bastaria para eu passar esse tempo aqui enquanto eu aguardava reencontrar meu namorado. as coisas nem sempre são tão simples assim né, ou 8 ou 80.

a vida morando próximo do trabalho em são paulo é, de fato, muito boa! a facilidade no acesso as coisas é impressionante, morar em uma boa localização tendo trabalho, transporte, supermercado e tudo quanto é coisa bem próximo. o salário é o mais alto que eu já ganhei em toda a minha vida, mas não o suficiente pra morar e viver (de verdade!) perto do trabalho.

a vida inteira eu sempre fui introvertida, poucos amigos, poucas experiências sociais. digo, eu soube o que é sair para ir num restaurante/lanchonete com os amigos eu já estava na faculdade. eu soube o que é sair para ir num barzinho e conversar depois do trabalho esse ano, perto dos 26 anos. ainda estou aprendendo a conhecer pessoas, a puxar assunto, a falar sobre mim hoje, aos 26 anos.

por falta dessas interações sociais eu acabava sempre focando na faculdade, cursos, escola, trabalho. eu sempre soube que eu não tinha vida além dessas obrigações, sabia que tinha que ter, porém eu não imaginava como que se tinha isso. as coisas no geral demoram pra entrar na minha cabeça, eu preciso repetidamente pensar nas coisas, viver as coisas ou alguém precisa me dizer para poder eu entender. acho que conforme eu ia vivendo me parece que eu ia me perdendo ou qualquer coisa que eu fazia não fazia mais sentido. 

desde novembro de 2023 eu estava morando em uma casa compartilhada com cerca de 10 pessoas (contando comigo eram 11). era legal ver pessoas, mas não conversávamos muito, apenas quando mais pessoas estavam na cozinha ou, raras as vezes fazendo alguma refeição na mesa. ainda sim eu me sentia muito só. minha rotina era ir trabalhar de manhã, voltava de noite pra fazer faculdade e depois ir dormir. os finais de semana serviam para fazer as marmitas da semana, lavar as roupas, arrumar o quarto e continuar trabalhando como freela, na criação do studio de design ou trabalhos da faculdade.

final de março eu me mudei para mais longe com objetivo de economizar o dinheiro do aluguel e eu teria uma companhia na casa, a minha sogra. por ser mais longe eu teria que acordar mais cedo, passar mais tempo no trânsito e, chegar mais tarde em casa. comecei a trabalhar como freela para uma outra empresa, seria tranquilo afinal eu iria conseguir trabalhar um pouquinho todos os dias e nos finais de semana eu conseguiria concluir mais rápido e aliviar as demandas para a semana seguinte, afinal eu não teria coisas para fazer no final de semana mesmo. eu só não contava com uma coisa: uma hora eu ficaria cansada.

de repente me vi dormindo apenas 3h30 por noite e meu tempo médio na frente da tela de um computador passou a ser de 14h por dia. eu não saía (somente para ir trabalhar), eu não tinha lazer, não tinha descanso, não comia direito, não fazia exercício físico. eu estava completamente exausta. eu só queria ir no parque algum dia, ir no cinema, andar no shopping, sei lá ir numa feira. aliás, nem que fosse no supermercado, mas eu queria sair. parar um momento pra montar quebra-cabeça. eu já li e ouvi algumas vezes por aí que para alcançar o sucesso a gente tem que fazer alguns sacrifícios né, mas e quando eu já sacrifiquei meu sono, meu lazer, meu descanso, minha alimentação e meu psicológico? quando que o sucesso vem? por que as coisas não estavam gerando algum resultado? parecia que tudo estava só piorando.

eu estava sentindo sono, exaustão, cansaço, meu corpo doía por estar muito tempo trabalhando. eu comecei a sentir falta de algumas coisas: companhia da minha mãe, da companhia do meu namorado, de sair com amigos, de andar na rua, ir em algum evento, fazer compras no supermercado (eu gosto de ir em todos os corredores e ficar olhando todas as prateleiras), do silêncio, de uma rotina, de fazer as coisas com calma, de descansar, interagir com pessoas, de sair para comer alguma coisa em uma lanchonete/restaurante/ sei lá. eu estava sentindo falta de viver a vida.

trabalhando em dois lugares, fazendo faculdade, criando meu studio de design... nada disso eu queria abdicar. acabei me mudando de volta pra perto do trabalho. eu não posso largar a faculdade, estou no último semestre, eu preciso terminar. meu emprego presencial eu preciso da grana pra terminar de pagar as minhas contas. o freela é a possibilidade de eu ficar 100% home office após sair do meu trabalho presencial. resolvi que daria uma pausa no planejamento do studio, até as coisas se acalmarem mais. morando próximo do trabalho reduz meu tempo no trânsito e eu acabo ganhando 1h a mais de sono, mas o trabalho não diminuiu e o cansaço também não. na verdade apenas o que mudou é a distância, mas as coisas continuam as mesmas.

escrevi o texto inteiro com os verbos no passado, porém as coisas ainda se mantém: o cansaço, a sensação de me sentir sozinha, corpo dói por estar muito tempo trabalhando, continuo não tendo lazer, nem dormindo muito e nem comendo direito. na real este post não vai ter uma conclusão, acho que apenas de aprendizado que eu posso tirar disso tudo é: eu finalmente entendi que eu preciso viver e eu quero isso. eu não sei o que vou fazer ou como vou fazer isso, só sei que no momento eu quero dar um tempo, ficar tranquila, ter tempo pra pensar. quando que eu vou me mudar de novo? ainda não sei também.

apesar do caos, o tempo que eu passei em são paulo me serviu para ter experiência e aprender algumas coisas sobre mim. só que eu quero mais, quero realmente me conhecer, eu quero ver o mundo, viver o mundo, relaxar a mente, pensar nas coisas com mais calma, dormir 8h todos os dias, quero o silêncio, quero me encontrar e, principalmente, o conforto de estar perto das pessoas que eu amo.

2 comentários:

  1. Nossa, Emi. Eu sinto muito por toda essa situação que está vivendo. Nasci e cresci em São Paulo e consigo entender um pouco disso que você está vivendo. Agora que tive a minha bebê e estou vivendo num ritmo mais desacelerado eu percebo como eu vivia agitada, correndo de um lado pro outro. E ao mesmo tempo em que é bom viver de uma forma mais tranquila, também é muito difícil para mim. Parece que, mesmo estando em casa, a mentalidade da cidade grande me acompanha a cada instante e isso me cansa bastante. O nível de cobrança aqui em São Paulo é surreal.

    Ah, e algumas coisas que me ajudavam muito quando estava vivendo um momento de sobrecarga era tentar tirar alguns momentos do dia para respirar e olhar pro céu, e buscar ao máximo comer bem e beber bastante água. É claro que isso não resolvia totalmente a situação, mas pelo menos me ajudava a sobreviver.

    Eu espero que dê tudo certo na sua vida. Vou torcer por você. Grande abraço.

    https://petalasdemaioblog.wordpress.com/

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    1. Oi Gabriela, muito obrigada pelo comentário! Por aqui sigo tentando encarar as coisas com mais tranquilidade e com alguns momentos mais relaxantes.

      - Abraços!

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