Desde que eu comecei a me interessar pelo assunto sobre levar uma vida mais focada no essencial, um dos meus objetivos era conseguir reduzir meu tempo gasto nas redes sociais. Eu já fui bastante ativa em redes sociais como Facebook e Twitter, porém de uns anos pra cá eu diminuí muito minha frequência nessas redes, em parte porque ficava entediante e outras vezes porque comecei a perceber que estar muito tempo conectada fazia mal pra mim, psicologicamente.
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Quando criei minha primeira conta lá em meados de 2011, na falecida rede social chamada MSN, eu achava incrível como poderia conversar com amigos aqui pela internet e enviar uns emojis e fotos também. Depois que chegou o chat do Facebook e, em seguida o Whatsapp, MSN e serviços como a famosa "Vivo On" (aqueles pacotes da operadora com 10.000 mensagens!!!) passaram a ficar cada vez mais obsoletos. E nós cada vez mais conectados.
ONIPRESENTE NAS REDES SOCIAIS
Eu lembro bem de quando a galera já tinha um perfil na rede social do momento: o Facebook. E eu queria um perfil também! Eu ficava horas e horas olhando o perfil das pessoas, jogando os jogos, visitando páginas e personalizando meu próprio perfil. Com o passar dos anos o Facebook ganhou mais recursos, alguns bem interessantes e outros nem tanto, e eu cada vez menos estava conectada com pessoas, não conversava e nem interagia com ninguém, o que fez com que a rede social se tornasse cada vez mais entediante. O feed infinito estava saturado.
Fui deixando o Facebook cada vez mais de lado e fui conhecendo outras redes sociais: Instagram, Pinterest, We Heart It, Tumblr, Twitter, Ello (alguém lembra?), Snapchat, Skoob, Filmow, e a lista segue e não acaba mais. Eu estava presente nessas redes sociais, não perdia uma. Lembro que teve uma vez em que eu até cheguei a escrever um texto para um blog que eu tinha na época, onde eu contabilizei os cadastros que eu tinha nas redes sociais. Eu não consegui listar todas, mas foi um número assustador: eram mais de 56 cadastros em redes sociais que eu tinha na época. Eu considero um número assustador, você já parou pra pensar quantas são as redes sociais que você lembra que existe? Ou de todas que você tem um perfil lá?
Desde essa época, mais ou menos em 2015/2016, eu comecei a refletir o motivo de eu ter tantos perfis em tantas redes sociais. Eu era apegada a isso e até hoje não sei o porquê. Eu só sei que eu queria ter o cadastro com o mesmo username (nome de usuário) em todas. Era como as pessoas iriam me encontrar, se eu tivesse "presente" em toda internet. Hoje em dia isso não faz nenhum sentido pra mim, é meio que loucura.
Fui excluindo aos pouquinhos cada rede social e fiquei com as principais, as que eu considerava as mais importantes e eu tinha um motivo pra cada uma.
Facebook: eu queria ter meu perfil lá, uma linha do tempo da minha vida e que as pessoas que conheço estivessem todas lá. Na época eu também tinha uma página do meu blog antigo.
Instagram: A rede social tava crescendo, era de fotografia (uma coisa que amo) e eu queria estar lá.
Twitter: por onde eu estava por dentro de tudo, todos os assuntos.
Pinterest: a rede social da inspiração pra tudo, decoração, moda, design, ideias no geral, etc.
E por aí vai... Devo ter cortado quase metade das redes sociais, mas ainda sim eu tinha muitas. Tive as várias fases de acessar bastante o Facebook e também esquecer que ele existe. As fases de postar toda a minha vida a todo momento no Twitter e de também esquecer que ele existe. De passar horas e horas vendo Youtube e, também esquecer que ele existe.
O ANO DE 2020
E numa dessas chegou 2020, um ano cheio de acontecimentos. Eu nunca passei tanto tempo em casa quanto esse ano, e olha que eu quase nunca saía, exceto para faculdade ou estágio e raras as vezes com amigos. Foi nesse ano que refleti mais sobre o uso consciente das redes sociais, foi quando percebi que, de alguma forma, eu estava dependente delas.
No ano passado eu nem ligava muito pra Facebook, mas já sentia um pouco o impacto de usar muito o Twitter. Desde lá eu considero como a rede social do imediatismo, eu via sempre posts de ódio, de felicidade, de tristeza e isso a todo momento. E eu também queria estar ali compartilhando toda e qualquer reação que eu tivesse na vida real: se eu tô feliz, escrevo um tweet; aconteceu algo e eu estou muito brava, escrevo um tweet; nesse mesmo minuto recebi uma notícia incrível, hora de escrever mais um tweet!
E assim eu ia seguindo a minha vida, postando sobre tudo. Um dia parei pra ler os meus tweets anteriores e percebia duas coisas: 1) eu não fazia a menor ideia de que tinha publicado aquilo ou, 2) pra quê que eu publiquei isso?? E e decidi encarar os 5 mil tweets e excluir um por um.
Continuei usando a rede social mesmo assim, só que com o seguinte filtro: "eu faria um post desses no meu blog?" e se a resposta fosse "não", eu não postava. Algumas vezes era difícil pois eu era tomada pela emoção (muita das vezes a raiva) e publicava algo com o objetivo de expressar o que sentia naquele momento. E aí decidi excluir a rede social de vez. Eu não lembro quando foi, acredito que tenha sido em junho ou julho, só sei que desde então não sinto falta nenhuma do Twitter. E nem fiquei de fora dos assuntos que acontecem no mundo.
A próxima rede social que eu iria excluir era o Facebook, mas a única coisa que me prendia à ele eram os grupos. Eu estava pronta pra fazer um intercâmbio pra Irlanda e muitos dos intercambistas conseguem moradia através dos grupos que tem por lá, mas depois que eu cancelei o intercâmbio (devido a pandemia) eu já não tinha mais motivos para estar na rede social. Demorou até eu tomar a decisão de realmente excluir o Facebook, mas eu excluí!
Mais uma rede social pra conta.
O DILEMA DAS REDES
E sim, o novo documentário da Netflix chamado "O Dilema das Redes" me levou a tomar nessa decisão. E também o fato de eu realmente não encontrar um motivo para precisar dessas redes sociais. Não tenho informações a serem perdidas do meu perfil afinal, fotos, links e vídeos compartilhados de terceiros não é bem algo que eu queira salvar pra mim. E, eu tenho esse blog, amo compartilhar meus aprendizados e experiências em forma de textos e fotos. Sempre considero que nesse cantinho da internet, esse compartilhamento tem um significado pra mim.
Depois de assistir o documentário não é como se eu fosse excluir todas as redes sociais e me afastar de vez da internet, afinal meu trabalho envolve e muito a internet. A diferença é que agora tentarei utilizar as redes sociais com mais consciência do que antes, que eu não preciso ter um perfil em toda e qualquer nova rede social que aparece. Lembrar sempre que: a internet, as mídias sociais e dispositivos como celulares e computadores são apenas ferramentas.
Aliás, isso é algo que nunca esqueço do documentário: utilizar as mídias sociais como uma ferramenta. Eu já ouvi e li isso antes diversas vezes pela internet, mas nunca entendia o que queria dizer essa frase. Uma das pessoas que falam no documentário é o Tristan Harris, um cientista da computação e também trabalhou na Google como Especialista em Ética de Design, explicou no documentário muito bem sobre isso:
Ninguém ficou chateado quando surgiram as bicicletas. Quando todo mundo começou a andar de bicicleta, ninguém disse: "Meu Deus! Acabamos de arruinar a sociedade. As bicicletas estão afetando as pessoas, estão afetando os filhos das pessoas, estão acabando com a democracia, as pessoas não reconhecem a verdade." Nunca dissemos nada disso da bicicleta.
E se uma coisa é ferramenta, ela tá genuinamente lá, parada esperando pacientemente. E se uma coisa não é uma ferramenta, ela exige coisas de você, tá te seduzindo, te manipulando, ela quer coisas de você.
E nós nos afastamos de uma ambiente de tecnologia baseado em ferramentas para um ambiente de tecnologia viciante e manipulador, foi isso que mudou.
A rede social não é uma ferramenta esperando ser usada, ela tem seus próprios objetivos e tem seus própios meios de obtê-lo usando seu psicológico contra você.
- Tristan Harris
Acredito que este post não tenha uma conclusão muito definida, não vim aqui escrever dicas ou meus aprendizados longe das mídias sociais. Até por que eu excluí há pouco tempo algumas das redes sociais que eu tinha e elas já não estavam mais fazendo falta. Talvez um dia eu tenha algum aprendizado sobre isso e eu volte a escrever, por ora tenho apenas duas coisas a dizer: 1) assista o documentário "O dilema das redes" e, 2) você já se perguntou se você está tendo um bom "relacionamento" com as mídias sociais?
LINKS LEGAIS
Vez ou outra eu gosto de compartilhar links interessantes sobre o assunto do post então lá vai:
- “Six Months Without Phone Notifications Has Changed My Life” by Zulie Rane. Artigo no Medium falando sobre como a vida de Zulie Rane mudou depois de passar 6 meses sem notificações no celular. Ainda não desativei as notificações de todos os aplicativos, mas da grande maioria sim, e recomendo muito! Faz uma diferença enorme no nosso dia a dia.
- "O Dilema das Redes" recente documentário lançado pela Netflix, aborda sobre o papel das redes sociais e os danos que são causados na sociedade.
- "Maçã e Canela" escrito por Daniel Furtado. Mais um artigo no Medium que fala também sobre a dependência do celular.
- I'm 14, and I Quit Social Media After Discovering Was Posted About Me by Sonia Bokhari. Artigo no Medium, publicado no início de 2019, que me fez refletir na época sobre postar fotos e outras informações de outras pessoas sem pedir permissão.
- Um mês sem redes sociais vídeo no YouTube publicado pela Luana Harumi.
- 10 razões para deletar suas redes sociais vídeo no YouTube publicado no canal Meteoro Brasil
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