As mudanças e o medo


Eu queria que esse texto fosse algo bem reflexivo sobre mudanças, novos objetivos e novas experiências, mas provavelmente não será. E algumas coisas até pensei se deixaria registrado aqui, mas resolvi escrever assim mesmo, pois a primeira versão dele ainda não estava bem aquele tipo de texto que gosto de escrever no blog. Eu nem sei bem o que vai ser até o final, só vou escrevendo.

Esse ano que passou foi simplesmente muito atípico (por motivos óbvios né), lá em metade de 2019 quando eu via meus amigos se formando na faculdade (e eu aguardando o meu dia de me formar também) ninguém imaginava o que estava por vir no próximo ano. 

Estava tudo indo conforme eu planejava havia alguns anos: correria para terminar todas as matérias da faculdade, estava fazendo estágio e me preparando psicologicamente para o intercâmbio que viria em agosto de 2020. Me formei em fevereiro, dias depois saí do estágio, fiz uma rápida viagem pra São Paulo e aguardava ansiosamente o meu embarque pra fora do Brasil. Mas aí chegou março e as coisas começaram a mudar.

Eu já tinha planejado muita coisa para viagem, era como se fosse o meu único objetivo de vida desde que tomei a decisão de ir fazer intercâmbio e as coisas começaram a desandar. Já não era mais possível realizar em 2020. Eu mudei a data, mas estava desacreditada de que as coisas melhorariam até fevereiro de 2021. Até que chegou julho, eu cancelei tudo e me vi meio que sem rumo. 

Caso você, que esteja lendo este texto, não saiba, eu sou formada em Turismo e essa foi uma das áreas afetadas nessa pandemia. Emprego já não tinha muito, ainda mais pra alguém formado que não sabe se comunicar em outro idioma (já estou fazendo todo o cronograma pra resolver esse problema esse ano ainda!).

Iniciei dois cursos online de design em 2020 e parei antes da metade. Ansiedade? talvez. Falta de foco e disciplina? Com certeza. E a agonia de não conseguir me concentrar, de ver vários alunos do curso conseguindo emprego e eu ainda sem conseguir desenhar uma tela. Chegou novembro e desisti de vez, falei pra mim que iria focar nisso a partir de janeiro de 2021.

Apesar de eu ainda não ter meus objetivos bem definidos para o futuro e isso meio que pode estar me corroendo por dentro, houveram coisas bem legais durante o ano que sou muito grata: reformamos nós mesmas (minha mãe e eu) a área casa (o bom sentimento de: um projeto concluído), durante o ano tive algumas rendas extras e aprendi bastante coisa, não digo com cursos, mas com a vida mesmo.

Percebi durante o ano que eu preciso de um objetivo de vida e dedicar meus planos a ele. Não digo as metas de ano novo que fazemos todos os anos, mas objetivos a longo prazo. Meu sonho de morar fora é desde pequena e só foi em 2018 que a coisa meio que foi se tornando real, e minhas pesquisas, meus planejamentos, esses anos todos estudando informações sobre intercâmbio, sobre o país e a cidade onde eu iria morar... Se me perguntasse informações sobre várias coisas, eu saberia responder: quais as opções de trabalhos, como arrumar emprego quando chegasse lá, documentos que precisaria tirar quando chegasse, endereço da escola, possíveis barros para se morar, preços de aluguéis e supermercado, o que fazer pra renovar o visto, quais os objetivos que eu tinha que alcançar em cada mês do meu intercâmbio, quais o planos A, B, C, D e E que eu tinha após esse tempo de intercâmbio.

Eu só não tinha planejado "não ir para o intercâmbio". Foi uma decisão rápida, mas não significa que eu esteja insatisfeita com ela, eu só precisava ter algo pra planejar e focar minhas energias para algum objetivo de vida e que me levasse aonde quero a longo prazo.


A MUDANÇA PARA essepê

Decidi me mudar para a grande São Paulo e ir fazer faculdade de Design. Eu sempre quis ir morar pra SP, desde a infância. Eu imaginava que, se não fosse fora do Brasil, iria pra São Paulo, era basicamente onde tudo acontecia, né. Onde tinha os cursos que eu queria, os eventos que sempre quis ir, as lojas, oportunidades de emprego. Bem, hoje eu já não tenho essa visão tão "sonhadora" quanto antes, afinal a gente amadurece e começa a perceber e entender o que é importante na nossa vida.

Mas, de fato, SP é o lugar em que (assim espero) encontrar essas oportunidades ou, eu mesma fazê-las. Em Manaus, infelizmente ainda há limitações quanto a estudos (especificamente da área que pretendo seguir) e trabalho. O mercado existe, mas ainda é pequeno.

Eu não fazia ideia de que um dia eu fosse realmente morar em São Paulo, tinha até deixado a ideia um pouco de lado porque as coisas foram acontecendo... Meus planos já estavam diferentes.

Diferente do intercâmbio, onde eu tinha tudo planejado, dessa vez eu ainda não consegui organizar tudo da maneira certa na minha cabeça. Talvez demore ainda uns meses até eu entender como será a minha vida daqui pra frente e consiga ir alinhando as minhas decisões ao meu objetivo a longo prazo.


O MEDO

Mesmo estando empolgada pra viver essa nova etapa da vida, ainda tenho medo, o que é natural.

Eu tenho transtorno de ansiedade e nesse ano de 2020 ela se manifestou de forma diferente, mas bem mais leve do que nos anos anteriores. Vai ser um desafio novo porque viver em São Paulo eu imagino que será: viver com muito barulho, muita gente nos lugares do dia a dia, conhecer pessoas novas e, passar por todo o estresse da faculdade (de novo!) por 4 anos. Ambiente muito propício para crises de ansiedade.

Eu não sei como será, não sei como vou lidar com esses gatilhos, mas estou indo consciente de muita coisa, e uma delas: não vai ser uma experiência fácil. 


Escrevo esse texto dias antes de viajar, mas publicando apenas depois da viagem pois quero deixar registrado aqui meus medos, expectativas, minhas palavras antes disso tudo começar. Passagens compradas, agora é esperar o embarque para novas experiências! 🛪

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